Porque é importante ser associada?

Projecto Artémis Sex Jun 05, 2009 10:21 pm

As associações sem fins lucrativos são entidades que assentam os seus alicerces num espírito altruísta. Foi assim que sempre as encarei, foi desta forma que sempre as respeitei, foi deste modo que sempre testemunhei o seu trabalho tantas vezes desprezado. Houve alturas da vida em que senti que algumas destas associações não honravam esta designação. Algumas posturas acabavam por ir contra o que me tinham ensinado, o que me fez constatar que esse tal altruísmo era algo mais bonito de dizer do que sentir.

Quando conheci a Associação Artémis, a profunda dor que sentia pela perda do meu sobrinho não deixou espaço para reflectir sobre a missão do projecto que lhe dava nome. Mais tarde, entendi que tornar-me associada era uma forma absolutamente reduzida de “pagar a renda” de uma “casa” que me acolheu sem pedir nada em troca. Neste lar tinham-me aberto a porta sem me pedir identificação. Deram-me amor. Deram-me espaço para desabafar. Tal como eu, todos tinham um traço de história em comum. Todos, sem excepção, tinham vivido uma perda. Perderam-se filhos, netos, sobrinhos, irmãos. Perderam-se pedaços de alma… Ganharam-se amigos. Ganharam-se forças para lutar.

O que mais me espantou na altura, foi perceber que por detrás das histórias mais tristes havia um foco de luta e de muita coragem. O lema “gerar esperança” fez todo o sentido. Nesse momento, entendi que a Associação precisava de mim, tanto quanto eu e toda a minha família precisávamos dela. As quotas que pago anualmente são um valor simbólico, incluído no meu orçamento familiar desde o primeiro dia em que percebi que a mensagem de esperança da Artémis tinha de chegar mais longe. Futuramente, algumas famílias necessitariam dos seus préstimos, tal como a minha e tantas outras por esse país fora.

Percebi que para fazer chegar informação aos hospitais, aos centros de saúde, aos eventos e demais acções de sensibilização, tinham de haver fundos que permitissem produzir esses suportes de comunicação. Com o passar dos tempos, entendi que não era barato conseguir umas centenas de folhetos informativos ou boletins. Uma simples despesa de gráfica é algo incomportável para uma associação que, como esta, conta com um número muito reduzido de associados. O fórum da Associação Projecto Artémis é uma plataforma de comunicação com uma importância fulcral no que toca à partilha de histórias mas… E o resto? Mesmo neste fórum técnico existem espaços reservados a associados. Não querem fazer parte da Artémis em toda a sua plenitude? Não querem ter o poder de decisão em assuntos importantes? Não querem ver legitimadas as vossas opiniões? Como associada foi-me dado o direito de esclarecer com a ajuda de técnicos especializados algumas das minhas dúvidas. Em certos pontos do país tenho acesso a terapias de grupo, à ajuda de psicólogos… Todos, sem excepção, trabalhavam voluntariamente para esta Associação. Todos! E por todo o país! Percebi de imediato a dimensão humana que estava imbuída neste projecto e orgulho-me em fazer parte dele.

A Artémis é a verdadeira Associação sem fins lucrativos na sua essência e, curiosamente, tenho ganho uma fortuna como pessoa associando-me a este projecto de corpo e alma.

Envolvam-se nos eventos, dêem ideias, lancem sugestões, sejam verdadeiros voluntários. Ser associado é um investimento em nós, tornando-nos melhores pessoas.

Solicitem a vossa ficha de inscrição através do e-mail: projecto.artemis@iol.pt

Texto da autoria de Joana Cruz, associada nº 66

SandraCunha.artemis Ter Jun 09, 2009 12:54 pm

Olá a todas

Tal como a Joana, faço um apelo a todas as leitoras deste forum para que reflictam sobre a importância do associativismo, de não ficarem apenas pela leitura deste forum, que se tornem associadas e ajudem nesta causa.
Estou na Associação desde 2005, vim cá parar por acaso. Nunca tinha ouvido falar em aborto espontâneo nem perda fetal, e quando me candidatei a vaga em questão nem notei que era para voluntariado. Depois de uma longa entrevista, na qual me foi dada a conhecer esta realidade não consegui ficar indiferente, não consegui dizer não quando me chamaram, mesmo estando eu na altura a necessitar de emprego e não de um mero voluntariado.
Agarrei esta oportunidade como uma aprendizagem e como um contributo pessoal, utilizando a minha formação para fazer algo pelos outros. Senti na altura essa necessidade, esta foi a minha forma de dar um pouco de mim a quem precisava. Agarrei-me a esta luta por gosto ao meu trabalho, por gosto em ajudar os outros.
Por ironias do destino, dois anos depois de estar na Associação Artémis, foi a minha vez de precisar da Associação, foi a minha vez de sentir a dor que tantas vezes ajudei a curar ou a minimizar, foi a minha vez de ironicamente perder um filho. Esta passou a ser uma luta minha, não pelo gosto de ajudar os outros, mas porque também a mim me foi arrancado um pedaço de alma, me foi arrancado um filho. Visto a camisola, luto pela causa, luto pela memória de um filho que morreu antes de nascer.
Infelizmente quando nos deparamos com histórias de perda achamos sempre que nunca nos acontece a nós, foi o que pensava, e há muitas leitoras que vêm a este forum não porque perderam, mas porque é um tema que lhes suscita curiosidade, também a elas apelo a que se associem, pois nunca sabemos se um dia seremos nós a precisar, ou alguém que nos seja próximo.
Ajudemos os outros, para que um dia também os outros tenham forma e meios para nos ajudar a nós.